(Augusto dos Anjos. Pintor: Flávio Tavares)
"Morri! E a Terra - a mãe comum - o brilho
Destes meus olhos apagou!... Assim
Tântalo, aos reais convivas, num festim,
Serviu as carnes do seu próprio filho!
Por que para este cemitério vim?!
Por quê?! Antes da vida o angusto trilho
Palmilhasse, do que este que palmilho
E que me assombra, porque não tem fim!
No ardor do sonho que o fronema exalta
Construí de orgulho ênea pirâmide alta,
Hoje, porém, que se desmoronou
A pirâmide real do meu orgulho,
Hoje que apenas sou matéria e entulho
— Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu na Paraíba — Engenho Pau d'Arco — E Morreu em Leopoldina - Mg. Formou-se em direito, porém não exerceu o cargo. Casou-se com Esther e teve 3 filhos com a mesma (um morreu prematuramente). Viajou-se para o Rio de Janeiro e aqui também sofreu o desemprego até conseguir o cargo de professor na escola normal e Colégio Pedro II. Depois de um tempo transferiu para minas gerais onde veio a falecer no mesmo ano por causa de Pneumonia.
(Túmulo do poeta. Imagem da internet)
Destes meus olhos apagou!... Assim
Tântalo, aos reais convivas, num festim,
Serviu as carnes do seu próprio filho!
Por que para este cemitério vim?!
Por quê?! Antes da vida o angusto trilho
Palmilhasse, do que este que palmilho
E que me assombra, porque não tem fim!
No ardor do sonho que o fronema exalta
Construí de orgulho ênea pirâmide alta,
Hoje, porém, que se desmoronou
A pirâmide real do meu orgulho,
Hoje que apenas sou matéria e entulho
Tenho consciência de que nada sou!"
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