Me deram toda miséria dos meus ancestraisNa introdução dessa Mixtape, o rapper utiliza de licença poética, muito usado entre poetas modernos/contemporâneos, quando usa palavras como "baixa estima" e 'bro' — essa última, presente principalmente na periferia. É interessante também afirmar que Diomedes abusa de toda a liberdade do rap para rimar da melhor forma possível, exemplo disso é quando, cantando, ele rima "sex symbol" e "mc, bro" e as palavras ganham fonemas muito parecidos.
Mazelas herdadas dos tempos coloniais
Me deram um chão de barro
Um pulmão cheio de catarro
Mistura pobreza e tédio
Tenho a fórmula do bairro
Roupas velhas, baixa estima, déja vus sombrios
Maldita lembrança dos navios
Ao padrão Barbara Sweet me pareço um Deus
Agradeço o fetiche, só que doi demais ser eu...
Nariz largo demais pra ser sex symbol
Pele clara demais pra ser MC, bro
Desde sempre eu nunca soube para onde ir, bro
Acho que vou ter que seguir por aqui, bro
Eu sinto essa loucura em minhas costas
Acupuntura não cura essa bosta
E acredite: por mais que eu tente esquecer
Eu sei que nunca vou ter os meus amigos de volta", Intro Comunista Rico
Referências
Grande parte dos 'sons' de Diomedes são ricos em referências literárias, culturais ou filosóficas. O uso de nomes de autores ou obras populares sempre vem a dar uma maior informação e traz um grande domínio do assunto abordado em suas letras. E o rapper pernambucano abusa de seu conhecimento. Exemplo claro é em:
'CypherBox1' "Expurgo" com Nissin, Baco Exu do Blues & Rapadura', onde ele cita o escritor Charles Bukowski.
Ou em sua música 'Tipo Maçom' onde ele cita o Sun Tzu, autor de A Arte da Guerra.Às vezes uns tão radicais, mas base teórica nada,Nunca invejei ninguém, na verdade ataquei a estrutura,Uma grande manobra arriscada como Bukowski em literatura
E, na mesma música, exalta o poeta Carlos Drummond de Andrade na rima:Glorioso tipo 2pac
Engenhoso tipo Da Vinci
Estrategista tipo Sun Tzu
Tô voando igual Santos Dumont
Poeta tipo Carlos Drummond
Metáforas e histórias
Diomedes
muitas vezes acaba falando de sua própria trajetória no Rap
Nacional e, com isso, acaba usando metáforas impressionantes.
O dobro do que Dalsin fez
Chinaski já fez, mais de uma vez" Em: Sulicídio
— Como já dito, Diomedes Chinaski é uma das vozes mais talentosas da cena atual do Rap. É um poeta com versos poderosos e, em suma, um artista de grande importância para o Nordeste.São vários dias sem faltar no estúdioEstudo, e nem tudo cura essa dorPlantamos raízes reais nesse chãoDepois nós matamos esse lenhadorEsses caras me apunhalaram nas costasE agora vão ter que provar meu ardor" Em: Comunista Rico
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